Startical realiza primeira transmissão de comunicações e dados VHF a partir do espaço

Lisboa, 10 de setembro de 2025 – A Startical acaba de atingir mais um marco histórico para a aviação. A empresa, criada em conjunto pela ENAIRE e pela Indra, transmitiu dados entre um avião e um controlador de tráfego aéreo através de comunicações VHF enviadas em tempo real a partir do espaço, pela primeira vez a nível mundial. Este feito segue-se à conquista alcançada em maio, quando foi realizada a primeira comunicação de voz em tempo real entre piloto e controlador, através da utilização de sinais VHF transmitidos por satélite. Com estas duas realizações pioneiras — voz e dados — a Startical afirma-se como a primeira empresa capaz de oferecer comunicações de voz e de dados VHF a partir do espaço, um passo decisivo para garantir a cobertura contínua em áreas oceânicas e remotas, otimizando o futuro da gestão do tráfego aéreo.

Durante um teste funcional realizado no âmbito do projeto europeu ECHOES, sobre o Oceano Atlântico, um avião da Air Europa estabeleceu uma ligação de dados com o centro de controlo da ilha de Gran Canaria, realizando a primeira comunicação piloto-controlador por satélite seguindo os procedimentos standard. Este acontecimento bem-sucedido demonstra, na prática, como as comunicações de dados via satélite podem otimizar as operações diárias do tráfego aéreo, assegurando cobertura em zonas oceânicas onde os sistemas de rádio VHF convencionais não têm alcance suficiente. Para além da Air Europa, companhias como a Iberia, a TAP Air Portugal, a Plus Ultra e a Vueling, entre outras, participam igualmente nos testes funcionais de voz e dados.

As comunicações de dados por satélite da Startical aumentam significativamente a eficiência do tráfego aéreo graças à utilização de mensagens pré-definidas que reduzem a carga de trabalho dos controladores e reforçam a segurança da aviação, ao garantir maior clareza e eficácia nas trocas de informações. Resulta em operações mais seguras e ágeis, abrindo também caminho a novos serviços baseados na troca de dados digitais. Da mesma forma, permite às companhias aéreas enviar e receber mensagens operacionais durante o voo, uma solução mais eficiente e económica em comparação com outros métodos convencionais. Para os prestadores de serviços de navegação aérea, esta tecnologia oferece uma camada de cobertura global, eliminando os custos de instalação e manutenção de infraestruturas terrestres.

Atualmente, nem todos os voos transoceânicos e aqueles que sobrevoam áreas remotas sem cobertura VHF dispõem de comunicações de voz e dados em tempo real. Esta limitação obriga a uma maior separação entre aviões e reduz a capacidade do espaço aéreo. Com a cobertura global proposta pela Startical, estas restrições deixam de existir: os aviões podem operar sobre oceanos e regiões remotas com o mesmo nível de eficiência que operam no espaço aéreo continental. Isto permitirá maior segurança, respostas imediatas em caso de emergência, gestão de tráfego otimizada e a possibilidade de desenhar rotas mais diretas e sustentáveis.

“Com a transmissão de voz e agora também de dados VHF a partir do espaço, a Startical inicia uma nova era na gestão global do tráfego aéreo, proporcionando cobertura onde a comunicação é atualmente limitada”, afirma Juan Enrique González Laguna, CEO da Startical.

Em junho de 2025, a Startical lançou com sucesso o seu segundo satélite de demonstração, o IOD-2, com o qual continuará a realizar testes funcionais no corredor do Atlântico Sul, em colaboração com os prestadores de serviços de navegação aérea ENAIRE, NAV Portugal, ASA, ASECNA e DECEA.

Ambos os satélites de demonstração e os testes funcionais contam com apoio europeu através do projeto ECHOES, cofinanciado pelo Mecanismo Interligar a Europa (CEF Transport) da União Europeia, gerido pela Agência Executiva Europeia do Clima, das Infraestruturas e do Ambiente (CINEA), com o apoio da SESAR Joint Undertaking.

Para além da demonstração tecnológica, estes testes vão contribuir para definir futuros padrões internacionais de comunicações aeronáuticas através de satélite e lançam, ainda, as bases para a futura constelação da Startical, que irá incluir mais de 200 satélites em órbita terrestre baixa para assegurar uma cobertura global.